Associação Cultural Castro Pena Alba
História
Sede
Grupo de Cantares “Pena Alba”
Pertencente à Associação Cultural Castro de Pena Alba (ACCPA), com sede na freguesia de Castelo de Penalva, o Grupo de Cantares “Pena Alba”, apresentou-se pela primeira vez em público no magusto comunitário da freguesia de Castelo de Penalva, no ano de 1998.
O seu surgimento muito se deveu ao facto de, no seio da coletividade, ter havido um Rancho Folclórico e uma Tuna Musical (década de 90), e de na mesma época se ter feito um trabalho de campo, tendo-se efetuado uma recolha aprofundada dos temas que ainda se ouviam às pessoas das diversas aldeias da freguesia.
Na mesma época, a ACCPA apostou em formação musical através de uma escola de música e assim se foram dando passos que vieram a espoletar o surgimento do Grupo de Cantares.
Os primeiros ensaios tiveram lugar, de forma mais ou menos informal, em Castelo de Penalva e São Romão, dinamizados pela DªHerminia, sendo o ensaiador o Sr. Padre Manuel Clemente.
Seguindo-se a primeira participação pública, o já denominado Grupo de Cantares “Pena Alba”, teve participação meritória no primeiro encontro de Janeiras Concelhio, impulsionado e organizado pela Tuna de São Martinho de Pindo, tendo o mesmo ocorrido nas escadarias da Igreja da Misericórdia de Penalva do Castelo.
Nesse evento o Grupo “Pena Alba” foi nomeado organizador do encontro de Janeiras do ano seguinte. No Ano de 2013, voltamos a ser organizadores desse mesmo evento.
Certo é que as “janeiras do concelho” ganharam raízes, realizando-se todos os anos, contando com a presença do Grupo de Cantares “Pena Alba” que mantém atividade ininterrupta durante esse mesmo período de duas décadas.
Dados esses passos iniciais, foi convidado a dirigir o Grupo o Sr, António Maria da Silva, experiente professor e conceituado músico da nossa região.
Do trabalho de Campo, muitas foram as modas recolhidas, essencialmente temas de trabalho e de amor, as quais ainda hoje enriquecem o reportório do grupo. Igualmente se recolheu testemunhos de vivências, essencialmente dos momentos de festejo, como eram os trabalhos de campo, as colheitas, as romarias e as festas de terreiro.
É muito gratificante saber que na nossa freguesia, em muitas aldeias, (Aldeia das Posses, Vila Mendo, Amiais, etc…) existiram tocatas musicais que traziam animação ao quotidiano das aldeias, sobretudo aos domingos durante a tarde. Os bailarinos nos adros e as marchas em dias mais festivos eram acontecimentos frequentes.
Também, durante o inicio da segunda metade do século XX, era acontecimento anual a festa da cantina. Ali era organizado um desfile anual de marchas, com o propósito de ofertar meios de subsistência ao funcionamento da cantina escolar. Quase todas as aldeias da área de influência da Escola Primária e Telescola de Castelo de Penalva se faziam representar. Isto é, cada aldeia (Pousadouros, Vilar do Dão, Soito de Vide, entre outros) tinham a dinâmica e a capacidade de formar um grupo de marchantes, com modas cujo os textos eram elaborados a propósito.
“lá vai Vilar, com a sua bandeirinha, e açafates à cabeça, para oferecer à cantina…”
Michael Giacometti- Etnólogo, referência maior da etnografia nacional, passou pelas nossas aldeias em trabalho de recolha. Na década de 70, foi responsável por um programa semanal na televisão intitulado “O Povo que Canta”!
Com todo este material à disposição, O Grupo “Pena Alba” foi consolidando um reportório de raiz tradicional, tendo por base o “Cantar” do vale do Dão.
O trabalho de campo manteve-se, trazendo para o seio do grupo vivências e conhecimento, que se tornaram num dos principais pilares da atividade desenvolvida.
Paralelamente, foram também organizados eventos de recriação (sementeiras, malhas, desfolhadas), com o objectivo de trazer para o presente vivências de outrora.
A primeira atuação fora dos Distrito de Viseu aconteceu em Pinhel, no ano de 2000, assim como a participação em encontro de grupos de música tradicional, que ocorreu em Arganil, a convite da Tuna Popular de Arganil.
O primeiro encontro de Música Tradicional, organizado pelo Grupo “Pena Alba”, teve lugar em Castelo de Penalva, em 04-08-2002, sendo que, desde então, este evento ocorre anualmente.
No ano transato realizou-se a XVI edição, tendo por esta via já passado na nossa freguesia, mais de 50 grupos de música tradicional de todas as regiões do País. Igualmente, o grupo é convidado a participar em encontros similares pelas diversas regiões do País, perfazendo cerca de uma centena de participações.
A quadra das festas de Natal e Reis são para nós um tempo de franca atividade. Na primeira década deste século, foi frequente a realização do evento “Cantares ao Menino” tendo numa edição contado com a participação especial de Isabel Silvestre, nome maior do canto tradicional em Portugal. Nos últimos anos, temos levado a cabo a realização do “Encontro de Reis”. No ano de 2009. a SIC realizou na Aldeia de Castelo de Penalva, reportagem alargada acerca da tradição local dos cantares de janeiras. Em 2006, deu-se a internacionalização do grupo com atuações em França (Toulouse e Annecy).
Por diversas ocasiões, atuamos em eventos de promoção do concelho, como foi o caso de diversas participações na BTL- Bolsa de Turismo de Lisboa, na Feira de Artesanato de Vila do Conde ou na Feira de São Mateus.
Atuamos em evento de homenagem ao Dr. Vítor Aguiar e Silva, distinto professor catedrático, (Real), promovido pelos Municípios de Penalva do Castelo e Viseu.
O Grupo “Pena Alba” conta com 5 participações em programas de TV em estúdio (RTP-Praça da Alegria-2 vezes; Portugal no Coração; SIC- Manhãs da Júlia; TVI- Olá Portugal) ás quais soma duas participações em direto a partir de Penalva do Castelo.
Ao longo dos nosso anos de atividade, temos realizado edições do nosso reportório, com o objetivo de difusão e de documentar para memória futura.
O nosso primeiro CD- “No Tempo das Desfolhadas”, data de 2004, tendo-se seguido a edição de “Cantares ao Menino” em 2006, registado ao vivo na Igreja de Castelo de Penalva. A edição deste CD foi doada ao Centro Social da nossa paróquia, para ajuda do lançamento das obras do Lar de São Pedro.
Em 2007, registamos em edição própria o CD “Modas Soltas”. Em 2008, editamos o CD “Memórias e Afetos”- 10 anos.
Em DVD, editamos:
- “Cantares ao Menino”, com Isabel Silvestre em 2007;
- “Encontro Concelhio de Janeiras”- ano 2013;
- ” Cantando Zeca Afonso com a Banda Musical e Recreativa de Penalva do Castelo”- ano 2014;
- está em preparação o DVD do espectáculo comemorativo dos 20 anos do grupo.
- em 2013, editamos uma longa metragem com o título “O Encanto do Povo”, realizado na nossa freguesia, tendo por base canções e testemunhos de gentes da nossa terra, onde mostramos a base de recolha do nosso reportório tradicional.
O grupo sempre foi constituído por diversas gerações (de juvenis a seniores), o que nos permite uma saudável transmissão de saberes.
O nosso traje apresenta um misto de tradição beirã, de trabalho e fidalguia.
No ano de 2018, passamos a trabalhar sobre orientação da professora Liliane Pereira, temos experimentado novas abordagens, sem esquecer a nossa linha matriz. O amor, o trabalho e a ruralidade continuam a ser a base do nosso reportório.
De entre as inúmeras atuações, lembramos três como marcos importantes da nossa caminhada de duas décadas:
- em maio de 2010, na comemoração dos 25 anos da Associação Cultural Castro de Pena Alba, com a participação do cantor-autor Pedro Barroso;
- em 20 de novembro de 2018, o espectáculo retrospectivo de 20 anos de atividade do Grupo “Pena Alba”;
- em 3 de janeiro de 2019, por iniciativa do nosso grupo, o cantar de Boas Festas e Janeiras no salão nobre da Assembleia da República.
O Grupo “Pena Alba” orienta-se por três principios simples, que têm sido o cimento da nossa longevidade:
- Sermos dignos de representarmos a coletividade que integramos (ACCPA), a freguesia onde estamos sediados (Castelo de Penalva) e o concelho de Penalva do Castelo.
- Dar voz às Vivências, aos encantos a aos poemas da tradição rural da nossa terra, e das regiões do nosso país.
Percorrido um caminho de duas décadas, novos desafios e novas caminhadas nos aguardam.
Procuraremos ser dignos e briosos nesses novos percursos, tendo sempre a letra da marcha da nossa terra-
“Castelo terra de amores, e de lindas raparigas
Terra de heróis em flor, terra de lindas cantigas
Tão linda é a minha terra, tão linda como um torrão
As belezas que ela encerra, tenho-as guardadas, guardadas no coração…”